quinta-feira, 7 de março de 2013

AES Sul participa de sessão na Câmara



Canoas - Na próxima terça-feira, 12 a Câmara de Vereadores recebe a visita do representante da AES Sul para debater os problemas do município. O vereador José Carlos Patricio(PSD) sugeriu ao presidente da comissão especial que trata dos serviços prestados pela concessionária, Francisco da Mensagem(PSB), um contato prévio com a consessionária para que já apresentada toda a documentação necessária, como os cronoframas de ações e de investimentos no município. Francisco da Mensagem lembrou que as companhias telefônicas Oi e GVT visam o cabeamento dos postes da AES Sul e posteriormente também prestem esclarescimentos junto ao Legislativo.

O vereador Ivo Lech (PMDB) defendeu a necessidade de um debate transparente por parte da AES Sul. "Como uma prestadora de serviços, é preciso que a empresa informe, por exemplo, o preço do kilowatt que paga á CEEE, que é um direito de todo cidadão", explicou. Lech também lembrou aos parlamentares sobre o uso do solo urbano. "Nenhuma cidade brasileira tentou construir uma norma sobre a utilização do solo urbano", declarou.

Aloísio Bamberg (PPL), Lech e os demais vereadores enviarão pedido de povidências para que o Executivo formule projeto de lei disciplinando o parcelamento do uso do solo urbano. 

FONTE: Jornal Diário de Canoas.

domingo, 3 de março de 2013

Homenagem aos líderes comunitários

Vereador Ivo Lech e Vereador Mossini entregando homenagem à líder comunitária Maria José.
Em nome da bancada, o vereador Ivo Lech elogiou a dedicação  dos líderes  comunitários.
"Sem os líderes comunitários a  cidade não teria vida. São  homens e mulheres que lutam de  forma abnegada e que passam aos seus  semelhantes  sentimentos de amor e entrega sem receber nada por isso",  destacou. Lembrou da ligação de Maria José dos Santos com  o  voluntariado  e com a criação de grupos de terceira idade,  entre  eles "Os Vencedores", na  Vila Hércules. 


sábado, 2 de março de 2013

Vereadores pedem reforma política já


Canoas - A partir do requerimento apresentado por Paulo Ritter (PT), os vereadores aprovaram, na sessão desta quinta-feira, 28, a realização de uma sessão especial para debater os principais pontos do projeto que trata da reforma política, em tramitação no Congresso Nacional. Para falar sobre o assunto o relator da proposta, deputado federal Henrique Fontana (PT), será conidado pelo legislativo municipal.
O vereador Paulo Ritter destacou que a reforma é um clamor tanto da classe política quanto da sociedade. O requerimento provocou uma série de manifestações dos vereadores. Ivo Lech (PMDB) enfatizou que a reforma política é considerada a mãe de todas as reformas e que trará mudanças positivas, lembrando que existem hoje mais de 30 partidos inscritos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "Existe alguma nação com 30 pensamentos políticos? O País só vai andar acelerado com partidos firmes e fortes", declarou.  

FONTE: Jornal Diário de Canoas.

sábado, 2 de março de 2013

"Canoas tem de levantar voo"

O Timoneiro 31.12.2009.
POR CELSO AUGUSTO UEQUED PITOL

A vista da rua Cândido Machado decora o gabinete de Ivo da Silva Lech. O responsável pela Controladoria da cidade de Canoas, deputado constituinte, vereador, advogado militante e político há mais de três décadas, observa todos os dias o movimento da rua. E não de qualquer rua. A Cândido Machado é um dos pontos tradicionais da cidade, onde se reúnem, ao fim das tardes, antigos e ilustres canoenses para tomarem um café e discutirem os problemas mais relevantes, sob o olhar auspicioso do prédio da Prefeitura, situado à rua com a qual faz esquina; onde se encontram alguns dos melhores profissionais liberais da cidade, muitos deles de relevância política; onde há repartições públicas, serviços públicos, homens públicos; onde há bares e restaurantes antigos, cujas mesas testemunharam almoços decisivos, conversas animadas, discussões acirradas. A enorme janela da sala situada no terceiro andar do Dick Center comunica diariamente a Ivo Lech um pouco da cidade onde nasceu, em 1948, e onde nasceram seus pais e avós, uma raridade em um lugar marcado pelo transitório, pelo fugaz, pelo vai-e-vem. Comunica, sobretudo, a responsabilidade daqueles que juram servir à cidade como os médicos juram servir aos doentes e os fiéis, à Igreja. Foi sobre este homem, esta cidade e a vida deste homem nesta cidade que versou a conversa nesta terça-feira úmida, de calor escaldante, um pouco amenizado pelo ventilador, por copos de água gelada e por um vento que soprava, vez que outra, da enorme janela para a rua Cândido Machado. 

O Timoneiro: Quando começou na política?
Ivo Lech: Posso dizer que comecei no Grêmio Estudantil do La Salle como vice-presidente de chapa. Foi um momento curioso porque assumimos em 1964, exatamente no ano do golpe militar. Eu tinha apenas 16 anos e estava recém começando a acompanhar política partidária mais perto através das leituras do Jornal do Dia, o jornal que nós assinávamos lá em casa, de orientação católica. Um tempo depois, o irmão Norberto Nesello me contou que ele foi visitado por alguns militares naquela época e lhe pediram que declarasse que nenhum dos dois integrantes da chapa era simpatizante do comunismo. Olha, eu, naquele tempo, mal sabia o que era comunismo (risos). Sabe qual era a grande proposta da nossa chapa? Nós chamávamos de "A democratização do esporte", mas era o seguinte: nos jogos de futebol de casa série, formava- se os melhores times de cada ano. Os demais alunos não participavam, eram excluídos. Assim, nossa proposta era a de que se formasse não apenas o time A, mas o time B, o time C e assim por diante, para poder colocar em campo todos os alunos. Era essa a nossa preocupação principal naquela altura, não com o comunismo! (risos). 

OT: O que, aliás, era perfeitamente natural... 
IL: Sim, perfeitamente natural. Mas é para tu teres uma ideia de que a repressão, naquela época, era uma parte do nosso dia-a-dia. 

OT: Essa ingenuidade, por assim dizer, da política estudantil, não pode durar muito, portanto. 
IL: Não, não durou. Porque o nosso cotidiano - o nosso, de cidadãos brasileiros jovens, interessados em política - passou a ser violento. Conforme fomos crescendo, ficamos sabendo de pessoas que foram torturadas, que foram vítimas de violência, gente que de repente sumia, etc, etc. Aí veio em mim a indignação com tudo aquilo, como é próprio de todos os jovens. Comecei então a militar na política e fui um dos criadores do MDB aqui em Canoas, no fim dos anos 60. O Giacomazzi, o Jorge Uequed estavam entre eles. Participei ativamente da política partidária a partir de então. 

OT: Como era a vida de quem estava na oposição? 
IL: Era complicada. Notava-se uma grande arrogância e prepotência por parte daqueles que estavam, de uma forma ou de outra, ligados ao regime: policiais, militares, políticos, civis, etc, etc. Nós éramos vistos como indesejáveis, subversivos, inimigos da Pátria. Era o tempo do "Brasil ame-o ou deixe-o". Quem não estava com o regime, estava irrevogavelmente contra ele. E isso não se estendia apenas aos que militavam contra o regime, mas também àqueles que simplesmente não o apoiavam. Sobre essas pessoas já recaíam suspeitas.

Em 1982, fui eleito vereador e, em 1986, deputado federal, quando participei da Assembleia Nacional Constituinte. Sempre pelo PMDB. Eu comecei no velho MDB, mantive-me no PMDB e dele não vou sair. O MDB foi, na minha opinião, o movimento mais bonito de toda a história do Brasil.

OT: Como deputado constituinte, como vê o Brasil pós-redemocratização? 
IL: Eu sempre digo o seguinte: o Brasil de hoje foi criado pelo MDB. O Brasil que temos hoje foi o que o MDB sonhou. Somos a oitava economia do mundo e em breve seremos a quinta ou sexta. A nossa desigualdade social diminui, as exportações avançam, temos uma das mais ricas biodiversidades do planeta, temos a nossa cultura, a nossa música... temos tudo. O Brasil está crescendo a olhos vistos. Tivemos conquistas sociais enormes nos últimos anos e isso se deve, em grande parte, ao que nós fizemos na Constituição de 1988. Veja o artigo 5º., que fala dos direitos e garantias fundamentais. Tem nada menos do que 77 incisos. Quando nós o elaboramos, muita gente dizia que era grande demais. Pois bem, hoje ninguém teria coragem de mexer num só desses incisos. São conquistas consolidadas. E isso não existia antes. 

OT: E Canoas? Como vê a nossa cidade desde que para cá voltou, depois de seu mandato como deputado? 
IL: Canoas ressente-se muito do fato de que ficou 21 anos, entre 1964 e 1985, sem poder eleger o seu prefeito. Isso foi muito negativo para a história da cidade. Lembro que o lider da bancada do meu partido, um senhor que tu deves conhecer bem (refere-se a Celso Pitol, então líder do MDB na Câmara de Vereadores) dizia que Canoas não tinha prefeitos, tinha alcaides. Eu me pergunto: será que hoje a nossa dificuldade em formar lideranças não tem a ver com este período em que a vida democrática da cidade ficou paralisada? Será que isso não abafou o surgimento de pessoas interessadas em pensar a cidade? Os resultados foram sentidos ao longo dos anos. Hoje nós temos o segundo maior PIB do Estado, temos um setor industrial fortíssimo, temos três universidades, e uma delas é uma das maiores do país, um comércio pujante, os serviços de igual sorte, mas não temos um projeto de cidade, não pensamos a cidade como deveríamos. Parece que a cidade foi crescendo sem planejamento, sem ordem, e as coisas foram simplesmente acontecendo. O Poder Público canoense mostrou-se sem imaginação. Canoas precisa urgentemente disso: de imaginação, de discussão, de retomada das idéias para a cidade tomar o caminho que merece. Lembro daquela frase que foi escolhida para os 70 anos da cidade: "Voa, Canoas". É exatamente isso, Canoas tem de voar. Nós precisamos pegar o aviãozinho na mão, e, como crianças que brincam com ele, fazê-lo voar por aí, e voar bem alto. É o nosso "Sim, nós podemos", aquela frase tão simples que o Obama pronunciou e que sintetiza tudo. 

OT: Nos próximos dias estaremos entrando no ano de 2010. Uma década está próxima a terminar. Qual o balanço? 
IL: No país, eu diria que é bem positivo, por todas as conquistas que foram consolidadas e que eu já referi antes. Em Canoas, eu diria que suscita preocupações, por tudo o que foi registrado, nacionalmente inclusive, envolvendo o nome da cidade. Precisamos sentar e propor um grande debate municipal e pensar seriamente as questões envolvendo o futuro da cidade. Eu, quando aceitei fazer parte do governo, tive essa preocupação. Aliás, eu diria que a Controladoria Municipal foi a função mais difícil e mais instigante que eu me propus a realizar. 

OT: Por que? 
IL: Porque é algo novo. Para teres uma ideia, somos a primeira cidade do Sul do Brasil a ter uma controladoria municipal. No país inteiro, são duas ou três, além, é claro, da Controladoria da União. O que a controladoria faz? Ela fiscaliza como o dinheiro público será aplicado, avalia a aplicação do orçamento, os programas de governo, em suma, ela controla o governo de dentro. Isto é algo muito novo dentro da administração pública brasileira. Está de certa forma previsto no artigo 31 da Constituição Federal, quando ele fala que a fiscalização do Município será exercida pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, o que é mais uma das conquistas da nossa Constituição. Não existia isso antes, e também não faria sentido, porque uma ditadura não faria nada parecido com um controle interno (risos). Então, quando uma cidade assume que tem uma controladoria, ela assume um compromisso definitivo com a transparência nos gastos públicos e na gestão pública. E isto é algo que a cidade está demandando e com muita força. 

OT: Três décadas de vida pública, incluindo participação em momentos decisivos da cidade e do país: uma experiência e tanto dentro da política. Baseado nisso, como definiria a vocação do político? 
IL: A questão é complicada. Mas eu diria que é vocação para trabalhar em prol do bem comum. Este é o nosso foco: o bem comum. Fazer com o que o maior número de pessoas tenha dignidade, saúde, paz. 

Quase não percebemos a passagem de mais de uma hora de entrevista, malgrado todo o calor e toda a umidade que nos roubava o conforto e faria o tempo passar mais devagar. Esta entrevista, marcada por vários verbos na terceira pessoa do plural - "nós precisamos", "nós temos que", "nós vamos" - pronunciadas com punhos fechados, como quem quer convocar os demais a participar de uma caminhada, mostra entusiasmo, paixão, força de vontade. E transmite esperança.

sábado, 2 de março de 2013

Junto com a sociedade é melhor o controle do recurso público

Ivo da Silva Lech

Nos dias 16 e 17 de julho, Canoas sediará uma das mais importantes discussões que já se teve no estado, relacionadas às condutas do controle financeiro das administrações públicas, principalmente às de âmbito municipais, com a realização do 1º Seminário de Controle Social e Transparência da Gestão Pública.

Além da atualidade do tema, este Seminário teve sua decisão devido ao município ter implantado, já no início do seu novo governo, uma das primeiras Controladorias no país, da qual fui distinguido com a responsabilidade de dirigi-la.

Obviamente, que pelo foco do evento deve-se entender que a discussão envolverá dois temas principais que são vigentes, principalmente na mídia. Menos conhecido que a Transparência, tão propalada nos dias de hoje, o Controle Social é entendido pela participação da sociedade no acompanhamento e verificação das ações de gestão na execução das políticas públicas, avaliando os objetivos, processos e resultados.

Essas idéias de participação estão intimamente relacionadas por meio da influência na gestão pública municipal quando os cidadãos podem e devem intervir nas tomadas de decisões administrativas, orientando a Administração para que adotem medidas que realmente atendam ao interesse público e, ao mesmo tempo, exerçam controle sobre a ação do Estado, exigindo que o Gestor Público preste contas de sua atuação.

Dessa forma, o Controle Social é exercido pela sociedade civil sobre as ações do Estado, aumentando assim, as vozes e os atores que participam das decisões que interessam à sociedade.

É fundamental, portanto, que se identifique que a participação continuada da sociedade na gestão pública é um direito assegurado pela Constituição Federal - da qual tive a honra de subscrevê-la em 1988 - permitindo que os cidadãos não só participem da formulação das políticas públicas, mas também acompanhem de perto, durante todo o mandato, como este poder delegado está sendo exercido, supervisionando e avaliando a tomada das decisões administrativas.

Para isso, a sociedade deve debater no espaço público as posições, as concepções e o planejamento da vida do município, para que sejam contempladas suas necessidades e seus anseios.

Tal posição é que indica que o controle é inerente ao exercício do poder e ao ato de administrar, podendo ser traduzido como um conjunto de medidas que visam a reduzir a possibilidade de falhas ou desvios, quanto à observância de normas ou atingimento de objetivos e metas de uma entidade.

O controle, contudo, envolve a verificação da conformidade da conduta do sujeito controlado com determinada norma, a formulação de um juízo sobre os fatos verificados e a determinação eventual de providências. Tanto que há diversas modalidades de controle sendo classificadas segundo o seu objeto, momento ou natureza, mas que não são o caso de aqui serem analisadas, devido a sua extensão, e sim no próprio Seminário.

Pois, é no âmbito da administração pública, destacado por mim neste artigo, que enfatiza-se a finalidade do controle em garantir que as pessoas físicas e jurídicas, em exercício da função administrativa do Estado, atuem de acordo com os princípios e regras, constitucionais e legais, que norteiam ou limitam a atuação do poder público.

Para exercer-se essa atuação, a legislação brasileira prevê a existência de inúmeros conselhos de políticas públicas, os quais auxiliam o poder público na tarefa de utilizar bem as suas verbas. O controle permite, então, que se estabeleça um equilíbrio entre a liberdade ou discricionariedade do agente ou entidade pública e o poder que lhe foi concedido, para que atue em benefício da coletividade.

Entender como funciona o controle da administração pública, como ele foi implantado no Brasil e sua evolução, é o que se pretende neste primeiro Seminário, cujo objetivo deverá ajudar a formar um juízo de valor sobre a atuação desse controle e poder contribuir, seja individualmente ou coletivamente, com o seu aperfeiçoamento. 

 Julho de 2010. 
 * Controlador-Geral do Município de Canoas e ex-Deputado Federal Constituinte.

sábado, 2 de março de 2013

Os Estatutos do Homem

 Thiago de Mello

(Ato Institucional Permanente) 
A Carlos Heitor Cony 
Artigo I.

Fica decretado que agora vale a verdade.
Agora vale a vida,
e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II.

Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Artigo III.

Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.

Artigo IV.

Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu. 
Parágrafo único:
O homem, confiará no homem
como um menino confia em outro menino.
Artigo V.

Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.
Artigo VI.

Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo
gosto de aurora.
Artigo VII.

Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII.

Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.
Artigo IX.

Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha
sempre o quente sabor da ternura.
Artigo X.

Fica permitido a qualquer pessoa,
qualquer hora da vida,
uso do traje branco.
Artigo XI.

Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo,
muito mais belo que a estrela da manhã.
Artigo XII.

Decreta-se que nada será obrigado
nem proibido,
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela. 
Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.
Artigo XIII.

Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.

Artigo Final.

Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.
 Santiago do Chile, abril de 1964.

sábado, 2 de março de 2013

Presente para Canoas

Os costumes, as tradições, assim como os hábitos, que compõem as nossas raízes, são elementares na preservação da identidade cultural de um povo e de uma cidade. Coletar, guardar e manifestar os sentimentos e ainda, repassá-los lembrando e abordando, mesmo que algum dos vários aspectos é uma das maneiras senão a melhor de alimentar e ajudar a construir o espírito de cidade.

Quando eu nasci Canoas não tinha 10 anos. Guardo na lembrança a cidadezinha de então, as plantações de arroz, de verduras, a criação de gado e os tambos de leite, as serrarias, as fábricas de móveis, os ferreiros, as carroças, as estradas empedradas que levavam as bodegas, os armazéns que tinham quase tudo, dos secos e molhados ao armarinho e as ferramentas para o trabalho. Na pequena zona central encontravam-se as poucas lojas, o cinema, a ferragem e os armazéns mais fortes, ancorados todos na prefeitura velha, na Igreja e nos colégios das freiras e dos Irmãos Lassalistas.

Lembro ainda dos muitos campos de futebol, dos lindos capões de mato, dos arroios, e do Rio dos Sinos e suas barcas, das residências aprazíveis de veraneio em belas chácaras, e até o trem que cortava a povoação tinha condão de não só trazer notícias e pessoas, mas movimentar a economia. A chegada do trem era um acontecimento.

Ainda com a lembrança do cheiro do carvão do "Trenzinho do Renner" eu me deparo a contemplar os nossos dias. Canoas a segunda economia Gaúcha, o sexto parque exportador do estado, o maior pólo educacional do estado, com qualidade no ensino fundamental, no médio e ainda, despontando de maneira notável, as nossas instituições universitárias.

Acima de tudo devemos lembrar dos homens e das mulheres que construíram com a participação do seu trabalho e que legaram desde o início do povoado o traço do acolher solidário, pois é talvez, o referencial mais forte do nosso povo que sonha, luta e quer crescer.

Esta história deve ser reconstruída por nós todos, resgatando e buscando fortalecer a idéia e o espírito de cidade. Pensar a cidade é o exercício com que se pode presentear Canoas.

Ivo S Lech
Advogado e Político
Aniversáro de Canoas, 2001.

sábado, 2 de março de 2013

Acadef 23 anos!

Se para os economistas em geral os anos 80 foram chamados de a "Década Perdida" é bem verdade que começou o retorno gradual da democracia o estado do cidadão, a cidadania começou receber contornos mais precisos e preciosos.

A partir de 1981, por influência do Ano Internacional das Pessoas Deficientes, começa-se a escrever e falar pela primeira vez a expressão pessoa deficiente. O acréscimo da palavra pessoa, começa a marcar e posteriormente durante a Constituinte começamos a referir Pessoa Portadora de Deficiência e atualmente parece que o termo preferido passou a ser Pessoa com Deficiência.

A Igreja Católica abrigava já anteriormente na década de 70 em um movimento, a FCD Fraternidade Cristã de Doentes e Deficientes que nacionalmente era forte e tinha em nosso estado alguns bons núcleos. Os religiosos eram os condutores e de forma muito forte faziam dos setores dependentes do manto protetivo religioso. O que em um determinado momento foi até muito bom, a fraternidade foi para muitos o primeiro ponto de reunião, de encontro, e de discução. Mesmo nos moldes de uma congregação começamos a conviver, a falar e é claro a sonhar!

Tinhamos um grupo em Canoas muito bom e que tinha destaque em qualquer encontro regional ou mesmo nascional.

Queríamos ser sujeitos das nossas vidas...

Nos indignava bastante o coitadismo e a conformação e talvez a forte iresignação veio a produzir de maneira mais forte o sentimento associativo.

Uma associação que nos unisse, juntasse, amparasse e que pudesse ajudar a socorrer e desenvolver os companheiros todos, não de forma caritativa dando o pão, ou mesmo estimulando a venda de determinados produtos pela compaixão. Ensinar a pescar, cada um o seu peixe. O peixe da necessidade ou o peixe do sonho, era indiferente a ordem individual... Assim nasceu a ACADEF.

Ao olhar para traz e lembrar por tudo o que se passou chega a ser um exercício bastante amplo, porque paralelamente ao desenvolvimento associativo da entidade sucedeu as nossas vidas pessoais as vitórias todas, algun recuo, algumas perdas a lastimar pela saudade que a bem da verdade tem nos fortalecido nesta caminhada.

A ACADEF é e tem muito de nós todos. Tem muito da cidade que cedia uma entidade que é referência no Brasil. Da cidade também das diferenças, que junta e acolhe pessoas de todos os quadrantes, que tem o empreendedorismo como marca acentuada do seu progresso, da sua riquesa que contempla diversidade.

 A concepção e a gestão tiveram o poder de transformar o sonho de um punhado de moços e moças em uma realidade notável, o querer conjunto ou o sonho coletivo da produçaõ de uma coisa boa, que valorasse a vida, que fosse viva e que nos fizesse feliz.


A ACADEF provou e prova também que o que aconteceu com alguns de nós, não decretou o rumo do nosso futuro, e sim a maneira como reagimos e enfrentamos a vida. A ACADEF é uma construção do futuro.   

sábado, 2 de março de 2013

Acadef 25 anos!

No começo da década de oitenta um grupo de deficientes físicos de Canoas vivia e convivia sem uma referencia mais concreta, é verdade que começamos a nossa caminhada amparada e estimulada pelo manto da FCD a Fraternidade Cristã de Doentes e Deficientes Físicos, uma pastoral da Igreja Católica que nos congregou e uniu. O termo "doente" nos machucava um pouco e a proposta religiosa nos deixava, ao menos alguns um pouco mal a vontade por professarem outra religião ou terem um diverso pensamento religioso.

Aquele manto protetivo da igreja nos era em alguns momentos um pouco desconfortável por nos tratavam de forma muito paternalista.

Queríamos mais. Queríamos ser sujeitos ativos das nossas vidas, buscávamos uma inserção na sociedade com dignidade e sem pena ou compaixão. Queríamos fazer e construir a nossa história.

Vamos fundar uma associação!

Eu era vereador na cidade de Canoas eleito em 1982. Esta condição na época ajudou e nós fundamos a ACADEF Associação Canoense de Deficientes Físicos.

A ACADEF começou pequena, menor que sonho, mas obstinada e muito forte mesmo em casa emprestada, a nossa vontade era muito grande e o desejo de buscar um caminho próprio nos dava o ânimo e a obstinação necessária para enfrentar aquele começo difícil.

Éramos jovens e tínhamos um capital notável, o sonho de uma vida sem discriminação e com igualdade de oportunidades, com inserção no mercado de trabalho e com direito de ir e vir respeitado.

Em 1987 instalou-se no Brasil a Assembléia Nacional Constituinte. Fui eleito no ano anterior Deputado Federal Constituinte, sim um sócio da ACADEF esteve lá e presidiu a Sub Comissão dos Negros, Populações Indígenas, Pessoas Deficientes e Minorias, a chamada subcomissão das minorias.


A Carta Constitucional do Brasil contemplou também os portadores de deficiências e sacramentou a igualdade e os nossos direitos. Éramos sim cidadãos brasileiros.
         

Um Forte Abraço,

       Ivo S. Lech

sábado, 2 de março de 2013

Discurso Formatura de Direito

        Há momentos em que o homem ressente-se de talento...
    Da impossibilidade de dizer com verso,
Da precisão da frase bem construída,
Da rima.
Da métrica.

 Imagina o pensamento voando,
Palavras e palavras encaixando-se.
Tudo brotando do coração.

 O momento tangendo sua idéia,
A sensibilidade bordando as cores,
A voz fluindo solta,
A emoção, a emoção.

 Perdoem-me os delegantes,
Por não ter o brilho,
Por não fazer jus a tanta confiança,
No exercício desta nobre representação.

 Tento então,
Com a alma de pé,
Falar do momento,
Apesar da limitação.

 E a vida conspira.
Enternecida e plena,
E a força revigora.
O encanto
É a coragem.


É uma honra muito grande e um prêmio imerecido falar e representar os meus colegas nessa noite.

À noite da realização dos nossos sonhos
Do sono da infância.
Do sonho da juventude.
Do sonho de uma vida.

(A formatura em Direito)

Este momento me emociona e me parece mágico.
Q´Eu gostaria de perenizar e guardar na retina, detalhe por detalhe, deste instante de brilho e felicidade.
A vida em seus milagres, não permitiu que na minha juventude eu realizasse este sonho.
A paraplegia veio ensinar-me que a vida é um verdadeiro milagre.
E que na superação de cada obstáculo interposto está o aprendizado palmilhado, e no enfrentamento de cada situação se forja a personalidade marcadamente individual.
E que o sucesso e a realização pessoal, estão ligados diretamente, a maneira com que cada um de nós, recebe os problemas e as nossas momentâneas dificuldades.
Os contornos da vida profissional e a própria atividade pública, levou-me a postergar mais ainda, o alcance deste instante, que eu não poderia dimensionar tão fulgurante.

Tive é verdade, momentos passados de realização e emoção...
As conquistas profissionais,
A superação lenta e progressiva de um acidente traumático,
A redescoberta de um viver lutado, com progressivas satisfações,
A atividade profissional readaptada,
A vida pública e seus memoráveis pleitos,
A elaboração e a assinatura da Constituição do Brasil,
Todos com a marca pessoal, intensa e forte.
E agora, soma-se esta conquista, não menos bela,
O sonho há muito acalentado.

Por entender que o orador da turma deveria ser um jovem, que sintetizasse também, desta forma o espírito de turma, relutei em aceitar tão difícil missão.
Saibam colegas bacharéis, vocês me conferiram, mais um momento rico e emocionante.
Muito obrigado pelo amor de vocês.
Aqui então, representando a todos e a cada um, devo lembrar também as dificuldades que tivemos para chegar até aqui.
Quanta luta!
O começar e o recomeçar.
O construir e o reconstruir de uma longa caminhada.

É o momento também para lembrar:
Do sacrifício familiar,
Das dificuldades financeiras e de toda ordem,
E das incertezas do dia a dia.
Muitos foram os obstáculos!
O trajeto até a Universidade,
As provas,
Os exames finais,
Os trabalhos acadêmicos,
Os estágios forenses,
Mas vencemos um a um.
Pra alguns,
Tropeços aqui ou ali,
Mas para todos agora,
A alegria recompensadora da chegada.
Os caminhos e os descaminhos do curso, feito por créditos, levou-nos a encontros e desencontros.

A peculiaridade da dinâmica contemporânea multiplicou situações que empanaram a criação mais forte de um espírito de grupo, e em alguns casos, impediu pela falta de aglutinadora do coleguismo, uma vida acadêmica mais plena.
Foram espaços fragmentados, semestre por semestre, impingindo-nos uma maratona geradora do individualismo acadêmico.
Esta é uma faceta da nossa Universidade.

A UNISINOS dos 25 Anos.
UNISINOS que não nasceu do milagre em seu período brasileiro, mas de um ideal de ensinar, do humanismo, do solidarismo, formando homens em um mundo cristão para vida.
Universidade que conviveu com a instabilidade econômica e períodos de completo caos educacional, não sendo possível a ninguém ver um norte, ver um claro direcionamento.
Houve momentos é verdade, que muito esforço teve que ser feito, para visualizar uma luz no fim do túnel da história.

Apesar deste um quarto de século, ressentir de uma política educacional séria, a Universidade cresceu, mesmo nos períodos de desgovernos e incertezas.
Cresceu apesar do governo, que conseguiu ao mesmo tempo, descontentar os alunos e a instituição.
Aí esta obra que nos orgulhamos, e que nos sensibiliza como alunos, e como partícipes deste processo formador e de resistência.
Desta olha de competência, de trabalho e pioneirismo.

Um dos expoentes desta ilha do saber, nós formandos destacamos, o nosso paraninfo.
Professor Luiz Renato Ferreira da Silva.
O jovem, o homem culto, o brilhante mestre, que na simplicidade que impõem contagia a todos.
É um exemplo de vida, de querer, e de competência profissional.
Saiba professor, nós alunos temos imenso orgulho do jovem, que se propôs sempre, a conosco desmontar os velhos portões da vida.

Podemos e devemos sonhar com um mundo melhor.
De homens com ideal,
Que eticamente sejam intocáveis,
Que sejam iguais,
Que tenham os valores do nosso mestre.
Um mundo do novo tempo.
O mundo sem muros e portões.

E este mundo, também abriga uma figura de mulher ímpar.
Uma vencedora pelos seus méritos, a nossa patronesse.
Professora Elaine Harzeim Macedo.
Que empresta o nome a turma.
E o seu amor ao Direito, a nós todos que levam n"alma a vontade de mudar a história, com a luta pela verdade, pela justiça, pela paz, e pela felicidade de todos os homens.
Mestre, ensinaste-nos muito, a sonhar este mundo.
A sua trajetória pessoal, sempre foi o mais claro cintilar, de que é possível mudar,
E que temos em nós, o poder para ter esta vida sonhada.

Segundo este espírito, e esta mesma dimensão destes nomes eminentes, ressaltamos agora, os nossos Professores Homenageados, que dentro de um universo maior, julgamos de justiça reverenciar, até porque:
Ensinar é também caminhar juntos,
É estar presente,
É repartir,
É ser amigo,
É o talento, a competência e o amor.

Este nosso momento não poderia existir, sem que pudéssemos dividi-lo, com aqueles que mais nos marcaram na Universidade, pelo espírito e pelo trabalho acadêmico.
Este grupo de professores nos honra sobre maneira, por todos os atributos vocacionais e por serem baluartes difusores do saber e do mundo jurídico.

Nossos homenageados,
Que são os alicerces da nossa faculdade de Direito,
Ao mesmo tempo em que são os novos, porque são modernos,
São competentes e projetam o futuro.
Muito obrigado por estarem aqui.
E o mesmo Tom Jobim certamente diria:
''-Que bom seria,
Se todos no mundo fossem iguais a vocês.''

Que maravilha viver.
E que maravilha é também viver o espírito de família.
Em nossas casas,
Estiveram sempre os incentivadores primeiros,
Aqueles que esta noite, também comemoram e dividem juntamente a emoção e até mesmo as lágrimas.

Aos pais,
O agradecimento dos filhos formados.
O nosso reconhecimento pelo sacrifício,
Pelo exemplo,
Pelo caminho sinalizado,
Que foi a rota balizadora desta conquista.

Pai e Mãe,
Homem e Mulher,
Muitos, simples e trabalhadores,
Neste momento de realização,
Coroando por certo,
Toda uma existência de sonho e luta.
Também o filho e filha dizem agora:
Muito obrigado!

Aos esposos, esposas, filhos e irmãos:
Agradecemos e gostaríamos de oferecer este momento,
Como forma de minimizar as faltas e as horas que dedicávamos com exclusividade ao estudo do Direito.

A todos que com amor,
Dividiram com terna fraternidade e compreensão,
E não faltaram o entusiasmo e o afeto.

TODOS!
Foram olhos,
Mãos,
Ombros,
Lábios e coração,
Que constituíram decisivamente,
Os sustentáculos desta conquista.

Nós os amamos,
Reconhecemos,
E dizemos mais uma vez: obrigado,
Muito obrigado,
Por todos os instantes,
E por todos os momentos.

Vivemos hoje no mundo dos grandes mercados.
A minimização dos lucros e o empobrecimento geral dos mercados consumidores trazem-nos obrigatoriamente a busca do novo ordenamento, a diminuição dos custos para a competitividade, e acima de tudo, a exigência da adequação e da competência.

São fórmulas e formas novas,
De fazer e ver o mundo contemporâneo,
E o profissional ou se insere como sujeito ativo,
Ou desgraçadamente contempla a beira do caminho as mudanças e transformações do novo momento.
O desafio do homem está cada vez mais postado,
Em buscar com tecnologia,
Uma crescente qualidade de vida,
E que tenha na solidariedade o traço marcante forte.

O Brasil vive este tempo!
Sua construção dependerá também da parcela de todos e de cada um.
Cabe sem dúvida,
Ao profissional de Direito uma parcela significativa nesta tarefa.
Porque na busca incessante de uma sociedade mais justa, assume também o papel de operar mudanças no rumo da história.

Esta consciência nós temos clara,
Desta responsabilidade não abriremos mão.
Da vida profissional plena,
Exercida com toda a ética,
E com base nos mais sagrados postulados de Direito.

Aos bancos da Faculdade de Direito,
Os princípios da justiça já nos remeteram então.
Agora, de posse da condição ímpar de produzir justiça.
Faremos sem dúvida as nossas parte.

O compromisso de olhar o mundo de frente,
De ver a vida com os olhos da realidade.
Não nos eximirá da luta incessante,
Pela justiça,
Pela qualidade de vida,
Pela paz entre os homens,
Pela nossa felicidade.

Despedimo-nos assim, nesta noite da Faculdade de Direito e ao mesmo tempo em que ANUNCIAMOS:
A nossa capacidade transformadora,
A consciência de nossos direitos e deveres,
O rompimento com antigos paradigmas,
O nosso contínuo estado de aprendiz,
O nosso infinito conjunto de possíveis,
A nossa potencialidade de SABER,
O nosso desafio do FAZER PRAZEIROSO,
A nossa viagem e direção ao SER... e muito, muito mais...
A nossa cidadania
E o nosso amor pela vida.

QUE DEUS NOS ABENÇOE NESTA CAMINHADA.